pastel típico de Vila Real, recheado com doce de abóbora e cobertura de massa de farinha, cuja forma se assemelha a uma compressa que antigamente se usava sobre os olhos
Em Vila Real, manda a tradição que, em dezembro, a rapariga dê o pito (de Santa Luzia) ao rapaz, e, em fevereiro, ele retribui com a gancha (de S. Brás). Esta tradição começou por ser religiosa e acabou, com o passar do tempo, por ter um cariz popular e são mulheres e homens de todas as idades que aderem à brincadeira.
«Estes bolos, que são um ex libris de Vila Real, tiveram origem no antigo Convento de Santa Clara, pelas mãos de Maria Ermelinda Correia, irmã Imaculada de Jesus (devota de Santa Luzia – padroeira dos cegos e das coisas da vista), que era extremamente gulosa. A madre superiora proibira-a de comer qualquer tipo de doces, pois alimentavam nela o pecado da gula. Não conseguindo controlar a sua gulodice, a irmã, que ouvira falar no Milagre das Rosas, teve uma revelação enquanto estava a tratar doentes que tinham problemas de olhos com as habituais compressas de linhaça, nas quais era colocada uma pasta antissética, sendo as pontas dobradas para que a poção não saísse. Criou, então, uns bolos, com um aspeto muito idêntico às compressas com que eram aplicados os curativos, levando um recheio de doce de abóbora envolto numa massa simples, com as pontas dobradas. Desta forma, conseguia enganar a madre, que também tinha problemas de visão, levando-a a crer que se tratava de curativos para aplicar aos doentes.»
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